terça-feira, 27 de dezembro de 2011

brinquedo

algo como perder sem ter
traz consigo o infantil sentir
do que não era meu mas poderia ser
e do que recusei por capricho
e pretendia controlar e poder
o que de caso nunca teve;
mas a possibilidade traz conforto
e pôde manter, sem nenhum esforço
com juras egoístas por nada merecer,
tão tolo quanto quem critica
de um insensível resquício machista.
o que parece, pois
essa coisa incontestável
esse incômodo lamentável
e o impulso quase incontrolável
de possibilidade tentar reaver
e que de fato só pareceu manter;
por conveniência e narcisismo
existe sujo e mora em mim
a vaidade controladora
a condição para outro ver
sem considerar que do outro lado
tem alguém que espera a ti
sem censurar um dizer falso
e fazer por merecer
eu, sozinho entardecer.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

véu

Tampando o que alivia o rosto, finalmente ajustou seu ponto de vista e a própria circulação do sangue. O horário era apertado e ele sabia disso o tempo todo, apesar de não assumir. É sempre um risco que se corre... E sobre a legalidade dos fatos, insurge no meio das coisas e o mínimo a todo instante, no cínico ideal que leva as ideias tão ao pé da letra que as mentiras são feitas por si mesmas. Por surpresas? acho que tudo, nesse sentido, dá pra pelo menos especular, não é surpresa. Pelo menos não pra quem dedica um pouco de atenção pra isso. Enfim... tomou distância o foco para alinhar a visão. Ali, a circulação do sangue. Com o horário apertado então, não deu o tempo de enxergar direito o que aquilo queria dizer, por que aquilo foi feito por no mínimo quatromil anos. Mas ainda bem que existem outros embaraços tentando se desfazer... ainda bem.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

até que eu tenha que ceder

À parte do que se levanta contra o que quer ser contra. Se torna uma questão de sobrevivência, não física, mas de sentir-se alguma coisa. Cada momento que se pensa o tempo passa. Diluindo a vontade de não querer fazer parte disso tudo. Cada segundo que se percebe é outro. E é notável a grandeza; carro ônibus asfalto fumaça internet, macroeconomias. Feeling the news a todo instante - não vá se isolar!
Até que eu não tente compreender que força é essa que me leva pra forca, que novidade é essa que não tem nada de atual. Que não tem nada daquilo que a propaganda coloca; necessidade de ser único onde todos querem a mesma coisa. Imagem, fetiche do ser. Autoafirmação sem muitos objetivos... e de um jeito ou de outro é engolido - mais parece ser palpável aqui o grau da resistência.
Os amigos ficam pelo caminho. Até que eu dê peso à vontade de pertencer a um grupo - mas os estigmas ficam...
Até que seja vencido pelo cansaço e assuma essa liberdade alugada. Essa impressão tão bem mascarada, tão bem projetada.
Até que eu tenha que gostar de fazer parte da geração que acha que desvendou o mundo sem se levantar... que viu serem pisoteadas todas as bandeiras verdadeiramente democráticas e implantar de uma vez-quase-que-por todas o espírito de competição no mais profundo pensamento humano, o sentimento de que "antes ele do que eu"; que aceita a notícia mastigada mas que na verdade, mesmo, não está nem aí. Já somos livres, não precisamos mais disso! até que eu torça todo final de ano pra uma marca de tênis e uma de cerveja serem campeões do campeonato brasileiro...
Até que eu tenha que ceder às coisas como elas são?

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

pés pelas mãos

o que se sentia era liso como o azul daquele céu nos dias limpos
e os corpos, dançavam em descompasso o ritmo espalhado
nunca tinham enxergado pela mesma coloração
e o prisma pelo qual puderam ouvir aquele gosto entre agudo e grave
se mostrou tão sólido quanto o que nos mostra o que é ser

insisto em lembrar do que não consegui sinestesiar
e outra hora a fantasia do inimaginável 
era tão possível quanto desejássemos chegar
um delírio que se fez dentro de outro anulou seu encanto
e foi por pouco tempo que se fez para tanto
um quase que fica longe do tênue
mas separa agora e sempre.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

rotina

o cheiro quente do asfalto quase úmido refletindo a incoerência daquele outro. o pé dormente dizendo que faça desse tempo um esboço, ensaio pra ação. um minuto a mais e já se torna o que transtorna. o que é isso que dá vida até presente momento ninguém soube dizer. e o que souberam foi descrever o que fazer. fórmulas mágicas. todo dia é a eternidade dentro dela mesma. todo dia é fuga do que se passa. todo dia é tentativa falha. toda dia é reza sem sentido. toda pressa pra não se sabe onde. e o centro só é centro quando se conhece o canto. quando se conhece o lado. quando enxerga sentido. e sentindo o que segue. o cansaço pressupõe esforço. e o esforço vem com a vontade. que se esvai. com as forças. todo dia é tentativa falha. todo dia se reza mentindo. cansa. todo dia. o cheiro quente do asfalto tapete do tempo. um dentro do mesmo. todo dia. acorda de um pra sair no outro. pra entrar no gosto. pra tirar o gosto.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

cansaço de você

alguma vez você se pega desfazendo. de sua forma de morrer contínua. do circuito em forma de oito. declarado não chega o final. que cansado não se aguenta de pé. no tamanco de fumaça que só de vez em quando parecia ser presente. que só de vez em quando pareceu ir embora. mas sempre negando o benefício da dúvida; o benefício da dúvida. do roxo latente que machuca o sentido. e que não poderia ser de outra forma. e a forma de outro dizer não seria outra cor. e outra cor não conseguiria atingir a vibração. cansaço de você. a frequencia baixa e forte. minando aos poucos. cansaço de viver. no lugar de sentir, rótulo. e o sentido do lugar se perde. dentro do quê aparece onde; qual escala? a matéria questionou o tamanho no espaço. da historia se tomou compreensão escassa. de você, o cansaço. mesmo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

uma revolução acontece. um grupo de homens, influenciado por um só ou não, aí já não sei como saber, percebeu com repulsante brilhantismo que poderia dominar outros homens através da força violenta;
outra revolução acontece. então, um grupo de homens, agora acho que dá pra dizer que a influência aconteceu e agora tudo é grupo e ciclo, percebeu com igual asquerosa astúcia que poderia dominar - ou, com certeza, continuar dominando - outros homens através da força violenta e das idéias, e que a violência seja usada, claro, apenas quando 'necessário', quando o prazo de vencimento da idéia começar a extrapolar suas limitações; quando outro consegue tornar palpáveis as contra-idéias, este das idéias recorre à violência, e > recorre às idéias para justificar, e se não der certo ele cede um pouquinho, e e com isso consegue uma nova idéia que soe mais branda, e ele chama pra fazer parte até tirar o contra da [contra]idéia, e quando tudo isto consegue ser superado pelo que sobrou desta, ele volta à violência e daí <


quanto custa, mesmo?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

tensão?

de jeito e maneira, já nos disse aquele pensou toda a história pela perspectiva do que o homem fez com as próprias mãos, embora completamente dominado, que foi sempre um cabo de guerra. A diferença, ouvi, dessa vez, é que não há mais choques, é tudo relativo, relativo, relativo. é? é mais fácil pensar assim, exime de toda responsabilidade.
é sabido, claro, que com tanta gente no mundo fica muito mais difícil distinguir um vilão e a vítima, principalmente quando a vítima torna-se seu próprio vilão. e aí eles nos dizem que não tem jeito, é claro, precisamos de alguém nos cuspindo o que fazer; que no máximo devemos cobrar aqueles que foram parar lá de forma, sim, democrática [ouve-se uma gargalhada nessa hora] o povo engole e, se a sacanagem acontece, é culpa dele mesmo, é culpa de quem não investigou o passado de um certo filho da puta que com certeza é dono de terras, ou pastor de uma igreja cujo dinheiro é, óbvio, para a obra de deus, ou empresário, ou chefão de alguma mídia, ou tudo isso junto ou, mesmo não sendo nada disso, um fantoche.

nada é colocado de forma a fazer pensar que podes tomar as rédeas e decidir por ti mesmo. e o vício da velha mania de delegar aos outros sua própria liberdade; nos fizeram preguiçosos e a inércia cumpre seu papel.
existe outro caminho. tem que existir.

mas, como já dissemos e ouvimos, uma andorinha só [pode até dar impressão, mas] não faz verão.

[...]

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

caroço

QUE INFERNO esse pedaço de sei lá o que e que de tempos em tempos torna a se fazer notar. Só para que se lembre "eu existo", procura dizer com toda moral. E sinto que a tem, pois é capaz de lembrar-me de sua presença a qualquer momento que achar oportuno. Redundo, mas só porque realmente incomoda. E já disseram para ir ao médico. E já perguntaram características que vão desde cores e texturas até a intensidade do sentir ao toque. E ainda que todos imaginem o que possa ser, tenho medo de descobri-lo. é bem verdade que faço uma ideia. mas pretendemos dedicar todo o tempo do sentido a conhecer o mais profundo das causas e circunstâncias [do efeito não], e ainda que seja julgado estupidez, sabemos que há algum gosto nisso, uma espécie condição de conseguir estar um pouco de fora assistindo tudo. Mas dentro, pois ainda sente-se. e é nesta hora em que se pensa novamente; QUE INFERNO esse caroço maldito, não deixa viver em paz!!! resta saber se é melhor mesmo que se cure rápida e cegamente.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

liberdade no chão

Castrou-se o que dá origem à voz. fez-se curta a linha pelas quais percorrem a energia que dá sopro à corda. O que antes talvez fosse o motivo de vida e morte de toda uma geração, hoje é jogado no chão como produto que limpa a consciência de quem sempre esteve em cima. onde a beleza existe como fetiche estético, não há o caminho inverso de qualquer concepção; dá muito trabalho. E, em tempos como este, quem quer perder tempo? tempo é aquilo [não quero dizer]. sozinho se chega mais rápido. deixe estar, que decidam por mim! vos escolhi para isso, me isento da responsabilidade. você se isenta. deixa lá, deixe estar. não dá tempo!
Castrou-se a origem da voz. é informação, não mais energia. por isso funciona tão bem, E por isso que dá a impressão de que o que está acontecendo é o inverso. Como alguém pode se julgar preso, com tanta possibilidade? como não te reconhece a soltura de que é privilegiado? insultas a história ao dizer que não é livre! como pode?

castraram-me seus ouvidos!

consegue dizer algo sem ninguém para ouvir?

penso, logo existo. logo logo, quando o movimento passar. o tempo não para. tenho que olhar o e-mail. primeira mulher. estado? direita? tudo é relativo. marx era positivista. o indivíduo é quem mostra. os tempos são outros. lembre-se da ironia. é a formula perfeita. [deles, para vocês]

ao existir posso agir. espera o movimento chegar. faço criar. a liberdade foi pro chão então no chão procurar. junto com quem se importa com ela. [da quarta pessoa]

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

urgência

surge nele a pressa que urge o tempo todo, que lembra o tempo todo; obsolescência pra quê te quero, não era disso que estava falando? [ô mania chata] essa que chama pra você o peso do mundo. decência, por favor! tudo sobre continuar ligado sobre tudo o que rodeia você, sobretudo aquilo que não importa tanto ou que pelo menos não depende quase nada da mesma pessoa a que faço referência e ele, aquele, continua na inércia [da urgência] menos pelo viés que pensava ser o certo - e quem diz "é este! [o certo]" insiste no erro do determinismo e das verdades incontestáveis; disse erro e então rotulou também, ditando a verdade e a mentira. Novamente inércia [igual] sem conhecer àquele mesmo ou mesmo a si, assim - missa pra quem tem preguiça ouvir, prece apressada pra quem não tem o que rezar. [ô minha casta] maldita que quer desfazer do contrapeso da balança. O vício do círculo é bem mais sério.

domingo, 11 de setembro de 2011

sobre indivíduos e pessoas [2]

saber que não é assim e assumir que, o todo, não é apenas simples somatória. num paralelo aritimético, continuamos assim, pode ser divisão, subtração, multiplicação e por aí vai, só depende de como as coisas se estabelecem. como. Definir pela intenção, pela idéia que se tem sobre a ação que vai do átomo ao cosmos. perceber que a grandeza é só um ponto de vista, é sempre um ponto de vista.

[...]

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

mosquito


você está parado

e chega o mosquito
o sanguessuga
quando você está admirando
e escutando o mais agradável
quando você acha seu ponto essencial
ele vem
o mosquito
suga seu sangue
te deixa em carne e ossos
e só
de onde você vem?
de onde chega a ferroada?
é tão difícil saber
e então você deixa
e se deixa levar
pela amarga sensação
que aos poucos te faz esquecer
do que não saboreava-se assim
assisto assustado, assumo em mim
a fome voraz e a sede insaciável
do que outrora condenei
o mosquito chega
e canta a vitória
o zunido aparece
e você agora é escória
não é mais possível enxergar outra coisa
apenas sente o gosto
amargo, amarelo
a fritura, o óleo
e então relaxa
se deixe levar
engula a seco
o fato é um só e não se pode sair
vou deixar com você um dia
afinal o maluco é a quem me dirijo
assim, e sim
reduza-se ao que é dito ser
e viva em paz.

http://www.youtube.com/watch?v=UiLsvRSU5H8

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

sobre indivíduos e pessoas

de todas as concepções que pude construir ao longo deste [curto] tempo, não pude entender como não foi possível que me fosse acompanhado de alguma maneira... o presente da suficiência pode ser na verdade aquela velha caixa de pandora (talvez pra si mesmo). uma explosão de coisas que depois de um tempo fazem todo o sentido. Não quero, com isso, achar que há diferença sobre o que acontece com os semelhantes; aliás, nunca foi sentido um igualitarismo tão grande como agora. e foi essa a diferença - saber que não é assim.

[...]

domingo, 31 de julho de 2011

sabe...

a facilidade em voltar a um ponto onde deseja, pode estar em enxergar [colocar] a ligação que facilita a volta, mas de uma outra forma, ou para um outro instante depois. 
diria-se posterior (o instante) se a concepção de tempo habitual fosse absolutamente verdade em todas as dimensões - o que pode, ou não, ser afirmado, mas não o sabemos por absoluto.
como voltando, mas com uma certa inclinação. o fluxo não é interrompido e nem se repete (apesar de nunca ser, mas a sensação disso imagino que seja forte). acredito no cíclico.
e, penso, é mais fácil conduzir-se conhecendo o passeio (o todo) do que ficar eternamente preso com ela (a sensação) te dizendo o contrário.
enfim...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

de algum a lugar nenhum

o que não diz, dessa energia que está em tudo. olho para um ponto e penso que se perder é mais fácil quando se está em movimento. e quanto ao momento, procurar é tão exaustivo quanto a própria espera. seria o caso, então, de não procurar; deixar-se levar...
a saudade é traiçoeira, espera-se muito mais do que é evidente. e faz acreditar que é recíproco... dizer algo com clareza nunca foi tão difícil, diria até que nunca foi possível.
algum dia me peguei fantasiando sobre situações e sobre o que dizer. como se a simples imaginação fosse materializar algo tão metafísico quanto a própria alma. por outro lado, quem é alguém pra dizer que não seria possível? o fragmento se realiza, construção subjetiva das mil e uma imagens.
cor, cheiro, nuvem, contexto e contesto, eu protesto! não quero ficar aqui assim.
ao estar em movimento, achar é mais difícil. desencontro.
ao fincar-se no porto seguro, a comodidade seduz. desencanto.
a fúria com o fato e a falta de tato, tosco. em que mundo?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

desmancha

um leve toque. sinestesia contínua. olhares com forma. formas com cores. cores com toque. um diz que não entende. outro tranquiliza. respiração. respiração. respiração sólida. fumaça. turbilhão. turvo. toque. toque dissolvido. solução. calor. calor. cheiro. fumaça. gosto de sal. gosto cinza. maleável. motivos, motivos. não encontra. perguntas. não é hora. respiração. formas. cores. fumaça. afastam-se, não entendem. um leve toque. [re]desperta. sincronia, mãos, dedos, fluxo. fumaça. fermentação. amargo. cachos. cintura. cores. braços. magnetismo. respondem pela cor. respondem pelo cheiro. respondem por não saber. sabem a fumaça. sabem tudo isto. instáveis. risada. risadas. se desfazem. voláteis. não há um; nem dois. volúveis. delicados quanto firmes. calor. cores. vulneráveis. um ao outro, fumaça. vêem-se. ocupam-se. indefinidos. como um gás; indefinidos.

sábado, 18 de junho de 2011

diafragma

Bate uma madeira. Ouço um sino. Um metrônomo.
um tempo passa, os sons se misturam...
Um rolar de engrenagens, dos ponteiros do relógio
TICTACTICTAC
um sino de telefone, máquina de costura, alguma coisa elétrica
gritos nervosos ou agitados ou desesperados
Sinto o vibrar de passadas próximas, várias, mais mais e mais
sapatos, rodas, holofotes, vibração, luz de neon, britadeiras, suor concreto pombas folhas secas portas carros fumaça gente falando asfalto fervendo gente correndo existência derretendo a vida saindo e a bomba caindo.


notei que, naquele instante, pelo menos, eu não fazia diferença alguma ali. Era completamente ignorado.


paz.

domingo, 12 de junho de 2011

daqui, para lá

quase cheguei a pensar que estava realmente preso naquilo. Mas não era bem naquilo, era com aquilo, que eu estava preso. E por mais que fizesse força, de absoluto em nada parecia adiantar. Comecei a pensar nos velhos clichês, e me ocorreu então: será que se aproximar mais, ele solta? mas que pensamento... de fato quanto mais eu pensava nisso, quanto mais eu sentia aquela força em volta do músculo mais aquilo me consumia e mais ainda me fazia lembrar. Era uma bola de neve. Foi quando comecei a pensar como funcionava aquilo, como estava preso e porque não era nem um pouco maleável. Imaginei de onde vinha cada peça, imaginei os grandes movimentos e as laboriosas mãos pelas quais passaram! que dias que demoraram até que ficasse pronto; nossa como eram complexas as estruturas!!! pensei em cada átomo, cada ligação química [pelo menos tentei!], onde já estiveram cada uma dessas... na verdade me interessei bastante por isso.

domingo, 5 de junho de 2011

fora do lugar

alvo dissolvido, sempre há mais tempo [agora]
raiva pra não se sabe onde, o desvio pensado
o escape num produto, a grande pira do consumo
desestímulo programado e a obsolecência natural

nada de se levantar!
ir contra é ir a favor, mais do que nunca
agressividade [passiva] para lutar
e com o passar do tempo, cair na real
reproduzir, reproduzir, reproduzir

mas não se levante! ainda não chegou ao fim

entretanto mova-se, a moldura trocou de cor
não perca tempo, veja a concorrência
tudo vai melhorar, é só esperar
uma questão de tempo ser o tempo uma questão

paranóia criada
esperança criada

esperança distorcida
paranóia duplicada

paranóia em descrédito
esperança aniquilada

esperança falsificada
paranóia sem cenário

paranóia apropriada
esperança assassinada

contra?

domingo, 22 de maio de 2011

dor de cabeça

que saindo pela porta o ar pesado e confuso com coisas que nem cabem neste momento dizer, perceberia-se o contentamento de quem antes mandava e desmandava [o pretérito é uma questão de conveniência]
mesmo assim, devemos externar, explode uma súbita reação e um sentimento de resistência que aos olhos de fora parecem tão sem sentido [talvez seja mesmo, mas o que dizer sobre o que é o que não é, sobre o que vale ou não? quem pode?]
no menos, pelo pouco, deveríamos admitir que algo tem mudado... só está difícil parar de girar

sábado, 30 de abril de 2011

ampulheta [3]

faz o caminho de volta, levando consigo a sustentação. Sabe? aquela sensação de quando a onda recua e, pouco a pouco, leva consigo a areia que está debaixo dos pés... Sensação de pouco a pouco ficar sem chão; e foi assim. Mas às vezes [na maioria delas] ele esquece que é só mexer os pés, que o chão volta. e volta mesmo. É só virar a ampulheta, que a areia continua se movendo e o tempo correndo.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

questão de ângulo

Vem ao encontro! a necessecidade do movimento contemplada, enfim!
Vai ao encontro... E ele não quis saber o motivo. Sentiu apenas a constância chegando, os dias ficando iguais, as reclamações sempre as mesmas. Conhecer a própria casa - depois de vivê-la, como não poderia deixar de ser - implica em observá-la de fora... e de longe, muita das vezes! e entender o que está longe, depois de visto, implica em estar na própria casa. Olha que ele nem vai ficar tanto tempo assim, e é bem verdade também que não sabe isto ao certo; cada hora quer uma coisa, uma cor, um tamanho, uma (des)proporção... e acaba conseguindo. Uma única célula de qualquer tipo de ser vivo é tão complexa quanto o próprio Universo (e é sempre bom lembrar da recíproca!). E agora?
Foi ao encontro... do quê?

Amor, venha! venha ver a casa, antes que a pintem novamente!

sábado, 9 de abril de 2011

Espelho

De qualquer forma podíamos querer que tudo fizesse sentido. E a ligação que tanto esperou-se foi assim, sem mais nem menos, se esvaindo junto com um sentimento que julgavam ser sólido. E houve quem dissesse que, sólido ou não, era pelo menos verdadeiro. Engano. A temperatura sobe enquanto a verdade aparece. Ebulição. Tudo para nos provar que, sobre este tipo de coisa, nunca se pode ter certeza. Encontra-se então entre o abismo e a depressão. de fato, não há como saber. Qualquer que seja a via, as coisas podem ser tão proporcionais ao seu inverso quanto a recíproca permite. Não sei ao certo se existem escolhas.

segunda-feira, 14 de março de 2011

ampulheta [2]

ficou lá parado, esperando a água chegar. Timidamente, ela se aproxima... faz que não quer, quase que encosta. Recua. Vem outra com mais força. Agradável sensação essa primeira de todas. Agora só é possível perceber a parte de cima dos pés, o peito. Com o lençol turvo vai sendo coberto, até tudo parecer uma coisa só. Segundos. E como que por encanto, obedecendo a todas estas leis que neste ou em quase nenhum momento sequer lembramos que existem, a onda faz seu caminho de volta.

ampulheta

acompanhados pela luz branca que tanto reflete na areia e deixa-nos com a impressão de ser mais branca ainda, caminhou até a beira d'água. O intuito era sentir aquele vento batendo nas mãos que ficam ligeiramente inchadas com esse ar marítimo. Gritar, soltar tudo aquilo que inclusive fisicamente não cabe mais em você, de alguma forma. Foi feito. As horas anteriores haviam sido esquisitas, de uma embriaguez diferente, sincronizada.

sábado, 5 de março de 2011

porque sim não é resposta!

O que dizer sobre os lugares comuns a que todas as vontades se referem, eu não sei. Não sei não porque não sei o que quero (o que, com toda certeza, não sei mesmo). Não sei porque não consigo acreditar em uma razão verdadeiramente sentimental ou de qualquer ligação mais forte com esses lugares comuns. A cidade, as pessoas, o "progresso", o emprego, os carros, os espaços bem ou mal ocupados, nada disso faz muito sentido para quem só quer sentir vida. Não quero me limitar ao clichê do "desapegue-se das coisas materiais", até porquê (eu sempre chuto qual "porquê" deve-se usar) de matéria somos feitos, então... mas creio sim que há muita coisa a mais do que essa matéria; muito mais do que imaginamos conseguir um dia entender. Pode ser que aí esteja a solução pra essa procura infinita pelo quê a gente não sabe exatamente.
E como de costume, acabamos por aqui, pela metade, pelo terço ou pelo centésimo, também não sei. Ô paranóia...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

... que não quero me tirar!

as cartas passam
em minha mão
enquanto a mesa caminha
sem direção
todos pensam que não há mais nada
para ver

e no tempo em que eles
vivem suas vidas
enrolados no tempo
são suicidas!
eu procuro algo a mais
que grita em mim

e o que eu quero é você
em quem eu penso é você
o que eu procuro é você
e é de você que não quero me tirar

nesses anos
tão plastificados
tão instantâneos
tão quantificados
quero algo de verdade
que me faça entender
o valor do olhar
que me faz perder
o sentido do ser
e derreter
como costumávamos ficar
quando o relógio ainda não era presente

posso estar de acordo
com nunca mais te ver
e talvez não seja uma má idéia
mas o que eu sei é que agora
é o que mais faz sentido
e ninguém nunca vai saber
do que e como seria
se eu não usar a voz e gritar

que o que eu quero é você
que em quem eu penso é você
que o que eu procuro é você
e que é de você que não quero me tirar.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

AB

A menor distância entre dois pontos é uma reta. Mas quem disse que pretendo ser breve? Cada curva a mais é um ponto, e merece ser vivido! e quanto mais curvas, melhor.

tenho dito!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

[...]

dessa mania métrica, manipulada, mediana, mais ou menos, muda! Mostra mundo, oculto, que sua dinâmica tem vida própria; prova mundo, o absurdo que é saber sem viver, conhecer sem sentir!!!Mundo muda, mundo, se quiseres continuar a existir... muda mundo, muda.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

janeiro [3]

como se tudo tivesse sido desnecessário, chega ao fim bem parecido com como começou. Só que nesse meio tempo, fui e voltei. Paz.
Alguma coisa nunca será a mesma coisa. Pois só de ser a mesma, já não o é, já quer dizer que existe mais de um. Já quer dizer que é outra.
[tentando acabar com a redundância, acabamos por cair nela mais profundamente ainda]
... e não é que de positivo algo tem em ser assim?

ele queria acabar com o cansaço de si mesmo.

sábado, 29 de janeiro de 2011

janeiro [2]

não sabemos quando acaba. E como acaba... não acaba! A frivolidade com que as cenas trataram o resto do espetáculo não podia ser entendida. E antes que o sinal tocasse, outro caminho apareceu. Enfim, direção. [maldita hora] Me ocorreu que o que eu não quis-ter-tido era uma oportunidade de tentar provar a mim mesmo que aquilo ali não era meu, que não fazia parte daquilo. E que esta direção, a ouuuutra, era tudo que eu podia querer. De fato é. E em outra não há alternativa. Simpatizei com mais idéias... mudar tanto não muda, não tão cedo. Mas faz pensar.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

janeiro

Não há nada sóbrio o tempo todo. E antes que a caravana complete sua passagem, procuro saber: e para quê assim o ser? É tanta ingenuidade achar que o que se passa agora com certeza será... E o sentido? Bobagem concordar com esta coisa binária entre uma direção e outra. Céus... isso não deve ser necessário.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Pêndulo

Inexoravelmente entendi o que estava por vir Mas no segundo seguinte segui pensando que seria diferente Ou então que mudaria alguma coisa naquela cabeça Curiosamente tive um estalo Um novo estalo Uma nova idéia que não era nova era bem velha Estava renovada Entretanto essencialmente a mesma. o que leva à dúvida. novamente. as coisas voltaram a se desfazer. fico feliz em saber. fico feliz em voltar. Pelo bom ou pelo ruim É com uma alegria confusa que quase consegue disfarçar-se em melancolia. ah, a fumaça. voltou. cheguei a sentir falta da ebulição e consequentemente de espalhar-me por aí sem dar chance ao comodismo. a janela ao universo recebera grades soldadas com as mais puras das certezas hipócritas que cegam o consciente. mas elas são tão fortes como podem ser fracas. na mesmíssima intensidade. é preciso saber virar a chave.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Opção

e o que dizer sobre o que é espontâneo?
será mesmo que assim o é?
será mesmo que não estava programado?
Vou dizer sobre a expectativa!
de que não daria em nada, mais um dia
[e correu]
tudo perfeito como um encaixe
um brinquedo de montar sob medida
e suas peças encontradas no meio da rua!
tão perfeito quanto nunca poderia ser
a despeito do que é pensar em viver
do que é tentar não ser
do que é sentir sem dizer.
tão platônico quanto surpreso
e tanta coincidência não pode ser
mera tentativa
mero encanto
que por nunca poderia acabar
em mero desrespeito
em despeito à sincronia.