terça-feira, 27 de dezembro de 2011

brinquedo

algo como perder sem ter
traz consigo o infantil sentir
do que não era meu mas poderia ser
e do que recusei por capricho
e pretendia controlar e poder
o que de caso nunca teve;
mas a possibilidade traz conforto
e pôde manter, sem nenhum esforço
com juras egoístas por nada merecer,
tão tolo quanto quem critica
de um insensível resquício machista.
o que parece, pois
essa coisa incontestável
esse incômodo lamentável
e o impulso quase incontrolável
de possibilidade tentar reaver
e que de fato só pareceu manter;
por conveniência e narcisismo
existe sujo e mora em mim
a vaidade controladora
a condição para outro ver
sem considerar que do outro lado
tem alguém que espera a ti
sem censurar um dizer falso
e fazer por merecer
eu, sozinho entardecer.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

véu

Tampando o que alivia o rosto, finalmente ajustou seu ponto de vista e a própria circulação do sangue. O horário era apertado e ele sabia disso o tempo todo, apesar de não assumir. É sempre um risco que se corre... E sobre a legalidade dos fatos, insurge no meio das coisas e o mínimo a todo instante, no cínico ideal que leva as ideias tão ao pé da letra que as mentiras são feitas por si mesmas. Por surpresas? acho que tudo, nesse sentido, dá pra pelo menos especular, não é surpresa. Pelo menos não pra quem dedica um pouco de atenção pra isso. Enfim... tomou distância o foco para alinhar a visão. Ali, a circulação do sangue. Com o horário apertado então, não deu o tempo de enxergar direito o que aquilo queria dizer, por que aquilo foi feito por no mínimo quatromil anos. Mas ainda bem que existem outros embaraços tentando se desfazer... ainda bem.