sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

esses tempos

pela hora em que as lutas se transformarão em uma só e que o grito de toda gente se converta em muralha de resistência, em força materializada de um povo que deseja viver em paz
muito embora o que se consiga de desmoralização seja impressionante, serve para frear a nossa roda, para nos apontarem os dedos para dizer 'viu, é só cada um conseguir o próprio que a classe vai pras cucuias'. como ouvi um professor, doutor, dizer em tom irônico 'é só ele conseguir terra que ele fecha o portãozinho e vai cuidar da própria vida'.
que prazer eles sentem ao presenciar isto. e não se pode negar de maneira nenhuma: acontece, sim.
mas o que a cegueira forçada e a burrice da classe almofadinha prefere não falar sobre é a dificuldade de se viver em um cabo de guerra em que o oponente é subjetivamente milhares de vezes mais forte - como o elefante explorado no circo que se vê preso à estaca de madeira desde o seu nascimento; bastaria um puxão e seria livre, mas ele não sabe disso; está preso desde seu nascimento, condicionado. bastaria um puxão...
é justamente sobre tudo que NÃO DEIXA que a terra seja comum, que o trabalho seja distribuído, que haja pão para todos. que não permite que se tenha o mínimo disso tudo sem ter que passar uma vida inteira lutando. colocam a culpa no individualismo natural do SER humano. que é impossível sermos COMUNS. e a liberdade de poder foder com a vida dos outros para que possa ter conforto?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

se não, sei

se não fosse pelo jeito que olha com curiosidade, meio por cima. se não fosse pelo vibrar apaixonante que notavelmente sente ao falar daquele outro mundo que tanto se tenta. se não fosse por me fazer tremer da mesma forma.
se não fosse por brilhar os olhos quando atingimos afinidade
se não fosse por eu quase nunca voltar pra essa cidade
não saberia dizer o que me faz querer tanto, não entenderia qualquer parte!

mas eu sei. e te sinto. queremos. o mundo, as pessoas, igualdade. a casa, o quintal, tranquilidade.

senão seria muito mais fácil não ligar.
senão seria o caso de não ficar
senão nos daria por vencidos e as coisas seguiriam.

mas eu sei.

se não fosse essa série de pequenos fragmentos e toda uma linha lógica que fazem parte da mesma coisa... o meio disso não seríamos nós.
senão, ainda te lembraria dizendo que isso aqui é bem real. e como bons materialistas, saberíamos!