I
me desfaço
pra não usar disfarce
me entrego
pra não viver trancado
mas tem como ser livre
sem oprimir outras partes?
o que é liberdade?
sem de quem me completa
sair coração dilacerado.
II
quebro silêncio
com estilhaços
ataco meu sexo
procuro rastro
arranco cadeado
me abro e fecho
o mundo convencional
não teve o que oferecer
só pela metade
só por vaidade.
tormenta
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
idealismo
permaneço encarcerado
no lustre das ideias
os olhos estouram
como avalanche,
cume vermelho,
e tempestade
lutando em desvantagem
contra própria
vontade
conta própria
selvagem?
privilegiadamente móvel
necessariamente ingrato,
questão de classe!
contradição;
nenhum impasse.
no lustre das ideias
os olhos estouram
como avalanche,
cume vermelho,
e tempestade
lutando em desvantagem
contra própria
vontade
conta própria
selvagem?
privilegiadamente móvel
necessariamente ingrato,
questão de classe!
contradição;
nenhum impasse.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
domingo, 25 de janeiro de 2015
se pau no meu cu
se pau
no meu cu
nosso prazer
química rolar
vamos fazer
juntxs gozar
se pau
no meu cu
heteroditadura
prática de tortura
disque 190
peça reforço
pro seu amigo,
veste a farda
e entra na viatura.
no meu cu
nosso prazer
química rolar
vamos fazer
juntxs gozar
se pau
no meu cu
heteroditadura
prática de tortura
disque 190
peça reforço
pro seu amigo,
veste a farda
e entra na viatura.
consciencia de classe autossabotagem (a repetição é o céu e o inferno)
a repetição
é o céu
e
o inferno
pra uma pessoa
como eu -
consciência de
classe
começa com
sabotagem
- auto sabotagem:
sabotarme
os privilégios
as 'oportunidades'
e o conforto
do cisgênero
instaurar o confronto
sabotarme
para me destruir
para me instruir
para construir
o mundo novo
junto com quem
ossabota
melhor do que ninguém
sabotar a burguesia
e a consciência média
sabotar essa paz que define
a estrutura que oprime
quem pode
viver
muito bem
bem
e principalmente
quem vive
de mal a pior
e que define
quem pode
morrer
bem
muito bem
ou de mal a pior.
é o céu
e
o inferno
pra uma pessoa
como eu -
consciência de
classe
começa com
sabotagem
- auto sabotagem:
sabotarme
os privilégios
as 'oportunidades'
e o conforto
do cisgênero
instaurar o confronto
sabotarme
para me destruir
para me instruir
para construir
o mundo novo
junto com quem
ossabota
melhor do que ninguém
sabotar a burguesia
e a consciência média
sabotar essa paz que define
a estrutura que oprime
quem pode
viver
muito bem
bem
e principalmente
quem vive
de mal a pior
e que define
quem pode
morrer
bem
muito bem
ou de mal a pior.
domingo, 11 de janeiro de 2015
fora de foco fora de órbita fora da norma fora do contexto fora do pretexto pra que se queira ouvir uma verdade absoluta oh não corta a hipocrisia corta a farinha que mantém a brisa corta a miséria que não se que saber ou não saber não tem como e não saber fora da minha casa que não te quero mais assim tão egoísta individualista é pouco o que tem sofrido machucado assim não tanto que se queira ouvir corta a sangrenta pele que te mata é pouco fora do que se tem por pouco fora fora fora de sintonia perdendo a silhueta perdendo se no espiral tudo se torna igual e não tem e não importa é tanto é tanto corta os segundos corta o fio da navalha que não te quero mais sentir assim VIDA vida que faz sentir fingir e decidir tudo acontece por nossos próprios fins sim é pouco e é louco tentar fugir de uma sina destino que o que desenhou pra mim foi sim uma bela tela de aborletos andantes passaros cantando em pouso alegrantante sim foi sim foi sim, é você pra mim, é você pra mim
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
final de expediente, café de tarde e trânsito denso; jornal local e novela boba.
pra ela, a luz insuportavelmente branca, que atordoa, o chão limpo, sempre liso; pra ela, a mesma ação repetida. por horas, a fio, puxando, a mercadoria, puxado, o tempo, que passa e não passa pra ela, o tique, o mesmo bipe.
"cpf na nota, senhor?"
me parecia febril, os olhos vermelhos. quem se importa? uma função. pra ela, movimentos mesmos, lacrados. a hora é extra desde que começou.
pra ela, a luz insuportavelmente branca, que atordoa, o chão limpo, sempre liso; pra ela, a mesma ação repetida. por horas, a fio, puxando, a mercadoria, puxado, o tempo, que passa e não passa pra ela, o tique, o mesmo bipe.
"cpf na nota, senhor?"
me parecia febril, os olhos vermelhos. quem se importa? uma função. pra ela, movimentos mesmos, lacrados. a hora é extra desde que começou.
a senhorinha pediu pra entrar e ajudar com o relógio. "você sabe dar corda?". Sem saber bem o que fazer, resolveu que sim, pois enfim, nada era suspeito, mas o era na medida em que são estas situações, alguém pede ajuda (que incluia entrar numa casa desconhecida), o desconhecido se dispõe e então sabe lá o que pode acontecer; quase como uma lenda urbana. isso não deveria acontecer ali. paranóia, de quem se desacostuma ser humano.
entrou. ela usava um andador. "pode ir por ali, é no final do corredor", apontando onde estaria o relógio da corda, na cozinha.
a velhinha, que tratava de maneira doce, agia com tamanho autoritarismo quando não estava falando comigo, assustava um pouco. "pode ir, fica lá". repetiu algumas vezes até que pudesse mexer e superar o fato de que era um estranho entrando numa casa estranha.
na cozinha uma mulher cortava legumes em cima da pia, fervia água, separava alguns potes. a velhinha, um misto de doçura com o estranho da rua, de estupidez com a mulher da casa.
um homem sai de um dos quartos, entra na cozinha, olha para mim.
pensei o motivo de precisar estar ali, se mais pessoas estariam na casa. "vim para ajudar com o relógio. ela me pediu", e com um sorriso tonto esperou consentimento do homem, que não parecia entender. como um bom macho, no terreno de outro. coisa de quem se acostuma a se dirigir ao "homem responsável pela casa". sem resposta. só uma expressão de condescendência.
o homem voltou para o quarto, reabriu o notebook e mergulhou de volta.
a mulher, que deixou a porta da geladeira aberta, agora deveria ouvir a bronca da velhinha por tanto desleixo. "não sabe fazer nada direito!!!". a mulher não dizia nada, mas tinha agressividade em cada gesto. ignorou a presença estranha, tinha mais o que fazer. eram duas da tarde. o almoço não estava nem na metade.
a velhinha no andador. o homem no computador. o relógio na parede.
o homem voltou, se apoiou no batente da porta que dava para o corredor, dessa vez com um riso confuso. ficou só olhando mesmo. a velhinha, "sobe nessa cadeira, é fácil. encaixe isso aqui nesse buraquinho e gire". voltou para a mulher, brigou mais alguma coisa, uma faca fora do lugar, "você não sabe fazer nada direito?!". o homem voltou. continuava olhando. o relógio estava no alto, a velhinha dera um tipo de chave, para girar a corda. corda tensionada, ponteiro ajustado no horário, duas e vinte.
"muito obrigado", a velhinha.
a mulher continuava cortando. irritada.
a velhinha, irritada com a mulher, satisfeita com o relógio arrumado, briga mais uma ou duas coisas. ou tantas já. foram só alguns minutos.
o homem, não estava irritado, não estava fazendo nada. apenas riso tonto. esperando pelo almoço, cara lavada. apenas ria, cínico.
entrou. ela usava um andador. "pode ir por ali, é no final do corredor", apontando onde estaria o relógio da corda, na cozinha.
a velhinha, que tratava de maneira doce, agia com tamanho autoritarismo quando não estava falando comigo, assustava um pouco. "pode ir, fica lá". repetiu algumas vezes até que pudesse mexer e superar o fato de que era um estranho entrando numa casa estranha.
na cozinha uma mulher cortava legumes em cima da pia, fervia água, separava alguns potes. a velhinha, um misto de doçura com o estranho da rua, de estupidez com a mulher da casa.
um homem sai de um dos quartos, entra na cozinha, olha para mim.
pensei o motivo de precisar estar ali, se mais pessoas estariam na casa. "vim para ajudar com o relógio. ela me pediu", e com um sorriso tonto esperou consentimento do homem, que não parecia entender. como um bom macho, no terreno de outro. coisa de quem se acostuma a se dirigir ao "homem responsável pela casa". sem resposta. só uma expressão de condescendência.
o homem voltou para o quarto, reabriu o notebook e mergulhou de volta.
a mulher, que deixou a porta da geladeira aberta, agora deveria ouvir a bronca da velhinha por tanto desleixo. "não sabe fazer nada direito!!!". a mulher não dizia nada, mas tinha agressividade em cada gesto. ignorou a presença estranha, tinha mais o que fazer. eram duas da tarde. o almoço não estava nem na metade.
a velhinha no andador. o homem no computador. o relógio na parede.
o homem voltou, se apoiou no batente da porta que dava para o corredor, dessa vez com um riso confuso. ficou só olhando mesmo. a velhinha, "sobe nessa cadeira, é fácil. encaixe isso aqui nesse buraquinho e gire". voltou para a mulher, brigou mais alguma coisa, uma faca fora do lugar, "você não sabe fazer nada direito?!". o homem voltou. continuava olhando. o relógio estava no alto, a velhinha dera um tipo de chave, para girar a corda. corda tensionada, ponteiro ajustado no horário, duas e vinte.
"muito obrigado", a velhinha.
a mulher continuava cortando. irritada.
a velhinha, irritada com a mulher, satisfeita com o relógio arrumado, briga mais uma ou duas coisas. ou tantas já. foram só alguns minutos.
o homem, não estava irritado, não estava fazendo nada. apenas riso tonto. esperando pelo almoço, cara lavada. apenas ria, cínico.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
sobre a academia
Um universo que afasta, o pensamento que te domina é de que pertences, no mínimo, a outro lugar, mais escuro e úmido. Obviamente que, se comportando bem ao não chocar a Ordem, sua tendência é ser agrado e, no dado momento, beatificado. É isso. São feitos beatos e não faltam ao Senhor nem que isto custe já estar no inferno. Separa, então, o joio do trigo, e como todo alienígena conformado com a magia da energia que se auto regula, o movimento das estrelas não se pode controlar. Os astrólogos do fim dos tempos mascaram individualismo com macias plumas de transgressão solitária, que só os beatos atingem. Mas desses, só da roupa pra fora.
As teses se peneiram e forçadamente não se complementam, numa sinestesia cínica e inquestionável. Harmonia que reconhece e exclui, não sem antes assimilar o que mais convém: subjetividade, seu dom de arrancar comida de areia, seu ritmo e gingado. Os dentes sempre à mostra, o olho apertado.
A resistência não, muito obrigado. E passe bem, nos dizem.
As teses se peneiram e forçadamente não se complementam, numa sinestesia cínica e inquestionável. Harmonia que reconhece e exclui, não sem antes assimilar o que mais convém: subjetividade, seu dom de arrancar comida de areia, seu ritmo e gingado. Os dentes sempre à mostra, o olho apertado.
A resistência não, muito obrigado. E passe bem, nos dizem.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
domingo, 12 de agosto de 2012
sexto sentido
morre por não ter motivo
morre por ficar sem saber
morre por perder o sentido
e vive sem conhecer
vive por medo de passar
seu trágico fim de vitrine
pra deus que vá te punir
por viver sem medo de morrer
morre pois sua vida de massa
se move e às nove não passa
não se enxerga em estatística
[só carpete, concreto desgasta]
morre por um que é confuso
vive por moral resignada
não sabe que és dono da História
e da pesada corrente que arrasta.
morre por ficar sem saber
morre por perder o sentido
e vive sem conhecer
vive por medo de passar
seu trágico fim de vitrine
pra deus que vá te punir
por viver sem medo de morrer
morre pois sua vida de massa
se move e às nove não passa
não se enxerga em estatística
[só carpete, concreto desgasta]
morre por um que é confuso
vive por moral resignada
não sabe que és dono da História
e da pesada corrente que arrasta.
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