quinta-feira, 11 de outubro de 2012

sobre a academia

Um universo que afasta, o pensamento que te domina é de que pertences, no mínimo, a outro lugar, mais escuro e úmido. Obviamente que, se comportando bem ao não chocar a Ordem, sua tendência é ser agrado e, no dado momento, beatificado. É isso. São feitos beatos e não faltam ao Senhor nem que isto custe já estar no inferno. Separa, então, o joio do trigo, e como todo alienígena conformado com a magia da energia que se auto regula, o movimento das estrelas não se pode controlar. Os astrólogos do fim dos tempos mascaram individualismo com macias plumas de transgressão solitária, que só os beatos atingem. Mas desses, só da roupa pra fora.
As teses se peneiram e forçadamente não se complementam, numa sinestesia cínica e inquestionável. Harmonia que reconhece e exclui, não sem antes assimilar o que mais convém: subjetividade, seu dom de arrancar comida de areia, seu ritmo e gingado. Os dentes sempre à mostra, o olho apertado.

A resistência não, muito obrigado. E passe bem, nos dizem.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

no sentido contrário da esteira, 
se preparar para o salto na realidade
resistir nunca será ficar parado
tomar a curva de assalto, é verdade


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

cegueira por confusão ou ilusão
labirintite política nanana sentimental

domingo, 12 de agosto de 2012

sexto sentido

morre por não ter motivo
morre por ficar sem saber
morre por perder o sentido
e vive sem conhecer

vive por medo de passar
seu trágico fim de vitrine
pra deus que vá te punir
por viver sem medo de morrer

morre pois sua vida de massa
se move e às nove não passa
não se enxerga em estatística
[só carpete, concreto desgasta]

morre por um que é confuso
vive por moral resignada
não sabe que és dono da História
e da pesada corrente que arrasta.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

pontilhado

e tudo virou magro, mato seco onde depositam. e equívocos da direção, percepção ou a erudição, é como nunca tivesse acontecido. assim merecidamente repelido como mosquito inconveniente a zumbizar. inocentes por avisar; voz alta, foi embora como se nunca tivesse sido, posto pra dormir lá fora. aprendes a conciliar a esmola à casa que assalta. tanto que se tente a possibilidade não esgota. enquanto houver gente.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

transtorno

é louco, e o que mais deixa passar, como no sonho, vontade. por vezes o que é toma forma e vai embora; por meses, a certeza aperta a alma e a chama pro dever. ou o fogo pro que quer ser. é pouco. e a mente sente a alegria e a gente, somente, a velar. é solto. e como conflito o que tenta é expressar, o pé-no-chão arrastar. corrente. escape pra sempre e somente, o tato dormente, seus fios, seus linhos. tormenta. seu laço não atende. fantasio. extasio. quase sentir de verdade. mais do que expressa presente. é louco e é como no sonho. mas só durante o sono. pálido ou arenoso. à linha de um retorno.

sábado, 7 de abril de 2012

sobras

passo com a mesma única sensação. mas sou diferente. reparo que ela se deforma ao se chocar com tantos outros interesses... paro de vez em quando, o passo que queria dar era o de não ser ouvido. mas soou diferente; a nota que tocou no falante, e dizia 'distante, com violência!' a resposta foi rápida e clara. como pensar que seria tão difícil se livrar dessas coisas?
e não se trata de nostalgia, não mesmo! é que hoje simplesmente não consigo saber a diferença sobre o que é e o que está. e quando se trata de ideologia, a nota toca suave. sedutora. ressoou no que eu não tenho controle. e impôs a saudade do futuro. sobre minha mente, sobre meu corpo. nos colocam a perseguir a própria sombra, e as outras sombras, a perseguir também, apenas como sombras. apenas como sobras. de um mundo já bem cheio.

sexta-feira, 16 de março de 2012

uma palavrinha sobre ordem

impressionante nossa capacidade em sempre reclamar das mesmas coisas.
e nossas causas, sempre lá tão óbvias, tão bem representadas por chavões. ô ladainha que não muda;
acontece que não muda também sobre toda forma de poder que a gente se debate. não tem pós nada, ainda há uma bolha de contradição!
tudo pós é novo, seduz e é bonito. brilha e tem cheiro de fresco
bem ao jeito do diamante sangrento
que sustenta o respeitado brasão!
mantenhamos a base daquela coisa
a que nos quer livre de toda opressão
a que deixa que se desvenda a verdade do seu corpo a venda, deixar que tu controle bem mesmo aquilo que é mais seu. deixar que tenha amor, onde ainda não floresceu.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

esses tempos

pela hora em que as lutas se transformarão em uma só e que o grito de toda gente se converta em muralha de resistência, em força materializada de um povo que deseja viver em paz
muito embora o que se consiga de desmoralização seja impressionante, serve para frear a nossa roda, para nos apontarem os dedos para dizer 'viu, é só cada um conseguir o próprio que a classe vai pras cucuias'. como ouvi um professor, doutor, dizer em tom irônico 'é só ele conseguir terra que ele fecha o portãozinho e vai cuidar da própria vida'.
que prazer eles sentem ao presenciar isto. e não se pode negar de maneira nenhuma: acontece, sim.
mas o que a cegueira forçada e a burrice da classe almofadinha prefere não falar sobre é a dificuldade de se viver em um cabo de guerra em que o oponente é subjetivamente milhares de vezes mais forte - como o elefante explorado no circo que se vê preso à estaca de madeira desde o seu nascimento; bastaria um puxão e seria livre, mas ele não sabe disso; está preso desde seu nascimento, condicionado. bastaria um puxão...
é justamente sobre tudo que NÃO DEIXA que a terra seja comum, que o trabalho seja distribuído, que haja pão para todos. que não permite que se tenha o mínimo disso tudo sem ter que passar uma vida inteira lutando. colocam a culpa no individualismo natural do SER humano. que é impossível sermos COMUNS. e a liberdade de poder foder com a vida dos outros para que possa ter conforto?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

se não, sei

se não fosse pelo jeito que olha com curiosidade, meio por cima. se não fosse pelo vibrar apaixonante que notavelmente sente ao falar daquele outro mundo que tanto se tenta. se não fosse por me fazer tremer da mesma forma.
se não fosse por brilhar os olhos quando atingimos afinidade
se não fosse por eu quase nunca voltar pra essa cidade
não saberia dizer o que me faz querer tanto, não entenderia qualquer parte!

mas eu sei. e te sinto. queremos. o mundo, as pessoas, igualdade. a casa, o quintal, tranquilidade.

senão seria muito mais fácil não ligar.
senão seria o caso de não ficar
senão nos daria por vencidos e as coisas seguiriam.

mas eu sei.

se não fosse essa série de pequenos fragmentos e toda uma linha lógica que fazem parte da mesma coisa... o meio disso não seríamos nós.
senão, ainda te lembraria dizendo que isso aqui é bem real. e como bons materialistas, saberíamos!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

alunos

falta o que, então, para que se toque o próprio alarme e soe o incômodo?
e o que falta, então, para que se desistam das lamentações e das projeções cômodas/preguiçosas?
no que tem se resumindo a maioria de nós;
a satisfação num produto. no circo, principalmente no circo! no pão amanhecido... na possibilidade, na ilusão de oportunidade, nas exceções, nos preconceitos transformados em piadas que limpam a consciência dos mais vigorosos fascistas, no fetiche, na imagem... na vida legal e divertida do sertanejo universitário.